A desigualdade continuou caindo no Brasil em 2009, mas em ritmo mais lento que o registrado nos anos anteriores. A conclusão é do Comunicado do Ipea n° 63: PNAD 2009 - Primeiras Análises: Distribuição de Renda entre 1995 e 2009, lançado nesta terça-feira, 5, em Brasília. O comunicado é o segundo da série de análises do Instituto sobre os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (PNAD/IBGE).
De acordo com o estudo, entre 2001 e 2008, a média anual de queda da desigualdade foi de 0,70 ponto de Gini (considerando uma escala que vai de zero a cem). Entre 2008 e 2009, o índice de redução ficou em 0,54 ponto. Segundo o técnico de Planejamento e Pesquisa do Ipea Sergei Soares, autor do estudo, a redução no ritmo de queda não é preocupante nem indica o início de uma fase de menor redução da desigualdade.
“A gente vê que toda a redução do ritmo pode ser atribuída às rendas do trabalho não indexadas ao mínimo. Fica claro que é um efeito temporário da crise econômica, que atingiu o mercado de trabalho”, afirmou Sergei. Segundo o pesquisador, a queda em ritmo mais intenso deve ser retomada até o próximo ano.
Queda na pobreza
Já a pobreza continua caindo em todas as linhas analisadas. O estudo comparou os dados de três linhas de pobreza (R$ 232, R$ 131 e R$ 66 per capita) entre 1995 e 2009. Na linha de maior pobreza, a redução do número de pessoas foi de 56%. A renda do vigésimo (cinco por cento) mais pobre da população também aumentou proporcionalmente mais no período: 84%, contra 13% de aumento no vigésimo mais rico.
O crescimento da renda se deu de maneira bem diferente nos três períodos analisados. “O primeiro período (1995-2001) foi de estagnação para todos; o segundo período (2001-2005), de queda da desigualdade com estagnação da renda média; e o terceiro período (2005-2009), de crescimento para todos, mas principalmente para os mais pobres”, explicou o técnico.
Queda ainda maior foi registrada no hiato de pobreza, porcentagem da renda da população necessária para levar todos os pobres até a linha de pobreza. Em todas as faixas, o hiato caiu mais de 50%. “Se pegarmos a linha mais baixa, veremos que o hiato de pobreza ficou em 0,2%, o que sugere que estamos muito próximos de eliminar a pobreza extrema no Brasil”, afirmou Sergei.