Superbactéria chega a MG, GO, SC, ES, PB, PR, SP e DF; instituições têm 60 dias para se adaptar
BRASÍLIA - Para evitar novos casos da superbactéria Klebsiella pneumoniae carbapenemase (KPC) e de outros micro-organismos resistentes a antibióticos, hospitais e clínicas públicos e privados serão obrigados a colocar dispensers com álcool em gel em todos os quartos, ambulatórios e prontos-socorros.
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A norma foi aprovada nesta sexta-feira, 22, pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para estimular a higienização de profissionais de saúde, uma das medidas mais eficazes para impedir a disseminação das superbactérias e conter as infecções hospitalares, informou o diretor da Anvisa, Dirceu Barbano.
“Esse é um elemento [álcool em gel] que facilita o hábito de higienização, porque é mais fácil de ser acessado. Mas as pessoas podem continuar a lavar as mãos com água e sabão”, destacou Barbano.
A nova regra deve ser publicada oficialmente na próxima semana. De acordo com o diretor, os hospitais terão um prazo de até 60 dias para se adaptar.
Técnicos da Anvisa reuniram-se nesta sexta com especialistas em infectologia e microbiologia para discutir medidas de contenção e o cenário da KPC no Brasil. A carbapenemase é um tipo de enzima que provoca resistência de algumas bactérias aos antibióticos de uso habitual.
A superbactéria atinge, principalmente, pessoas com baixa imunidade que estejam hospitalizadas, como pacientes de Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Ela pode ser transmitida por meio de contato direto, como o toque, ou pela utilização de objetos comuns.
O Distrito Federal registra um surto de KPC. São 183 casos confirmados e 18 mortes até o momento. Há registros de casos também no Espírito Santo, Paraná, em São Paulo, Santa Catarina, Goiás, Minas Gerais e na Paraíba.
O que é uma superbactéria
No organismo humano, naturalmente há uma maior quantidade de bactérias que de células. Se uma pessoa faz uso indiscriminado de antibióticos, acaba matando mais micro-organismos que o necessário para o paciente se curar da doença. Com isso, elimina bactérias inofensivas e restam as mais resistentes, que se proliferam e dão origem a uma linhagem de superbactérias.
Segundo Ana Cristina Gales, professora de infectologia da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), essa versão de que a resistência bacteriana se dá apenas pelo abuso de antibióticos é simplista. "As razões que levam uma bactéria a driblar a ação dos remédios não são totalmente conhecidas. O abuso do medicamento pode interferir, mas não é o único fator", diz.
Além disso, os antibióticos são levados para o ambiente de diversas formas. Uma das maneiras de os micro-organismos do ambiente terem contato com antibióticos é por meio de dejetos de esgotos de hospitais e da produção da indústria. Outro ponto relevante é o uso dos medicamentos na agricultura e no tratamento de animais.
A superbactéria não provoca nenhum sintoma; o que ela faz é aumentar o risco de infecção generalizada (sepse) e morte do paciente.