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Idosos sofrem à espera de UTI

02/07/2012

O promotor afirma que está fazendo um levantamento das informações e fará perícias para verificar as denúncias.

Escrito por: O Popular

 

Duas famílias viveram momentos de angústia e tensão à espera de vagas em unidades de terapia intensiva (UTIs) em Goiânia. Há dias, elas aguardavam por uma notícia que não chegava e sofreram com a demora e com suspeitas de que a idade dos pacientes seria empecilho para uma transferência. Após reportagem da TV Anhanguera, a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) de Goiânia conseguiu os dois leitos necessários. Em um dos casos, no entanto, segundo a família, a paciente não pode ser internada devido à falta de um aparelho respirador. O Ministério Público estadual (MP) já está investigando a situação, denunciada por várias pessoas, mas a SMS, responsável pela regulação dos leitos na capital, nega que pacientes idosos sejam preteridos nos encaminhamentos.
 

No Centro de Atenção Integral à Saúde (Cais) do Jardim Novo Mundo, Abner David Soares, de 80 anos, aguardava há seis dias por uma vaga de UTI. Sem se alimentar há dias, ele está desnutrido. Abner, conta a filha Maria Rita Soares, de 29, chegou ao Cais do Jardim Novo Mundo depois de ter dado entrada no Bairro Goiá e ser transferido, mesmo sem vaga, para o Cais do Setor Novo Horizonte. “Meu pai ficou parecendo um indigente, na ambulância do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), porque não tinha vaga para onde ele foi transferido”, conta a filha desolada pela falta de perspectiva.
 

Maria Rita conta que, nos corredores do Cais, a informação é de que jovens têm preferência no encaminhamento para UTIs e, por ser idoso, o pai não teria conseguido a vaga. Em uma única tarde, diz, pelo menos seis pessoas que deram entrada na unidade depois do pai já haviam sido encaminhadas, todas mais jovens. A costureira reclama do descaso e sofre ao ver a situação do pai se agravar a cada dia. “Meu pai entrou aqui falando, agora está em coma”, lamenta. Na noite de ontem, Abner foi transferido para o Hospital Geral de Goiânia (HGG).
 

No mesmo cais, a família de Arcelina Dias Mesquita, de 78, enfrenta situação semelhante. Com pneumonia, a paciente, que tem enfisema pulmonar, aguarda desde domingo uma vaga de UTI. “As vagas surgem, mas eles estão passando outras pessoas na frente. Três pessoas que chegaram depois dela já conseguiram vaga. Os próprios médicos dizem que os jovens têm preferência, porque os idosos demoram mais tempo para se recuperar”, afirma Wallisson Brandão, de 32, neto de Arcelina. Com o relatório médico solicitando a internação na UTI em mãos, ele teme que a situação da avó piore ainda mais. “Ela chegou consciente e já não reconhece ninguém”, assinala. Arcelina, segundo a família, também havia sido transferida na noite de ontem para uma UTI, desta vez no Hospital Cidade Jardim, mas teve que voltar ao Cais, ainda segundo a família, devido à falta de um aparelho para respiração.
 

O coordenador do Centro de Apoio Operacional (CAO) da Saúde do MP, Marcelo Celestino, afirma que o órgão já está investigando as denúncias de direcionamento nos encaminhamentos para vagas de UTI de pacientes mais jovens e casos menos onerosos em detrimento de idosos e pessoas com doenças que requerem alto custo de tratamento. “A desculpa que o hospital dá é do perfil, mas a suspeita é que o motivo é a despesa que gera o paciente idoso”, diz.
 

O promotor afirma que está fazendo um levantamento das informações e fará perícias para verificar as denúncias. “Não é só com o idoso, mas pacientes que têm infecções ósseas, que requerem internação prolongada e alto custo também”, acrescenta.

 

O diretor de Avaliação e Regulação da SMS, Fernando Machado, afirma que não existe favorecimento em função de idade para o encaminhamento para as vagas de UTI. Segundo explica, um paciente que aguarda há menos tempo que outro pode ser encaminhado primeiro em função da gravidade, indicada pelo médico do Cais, e o perfil da unidade que disponibilizou a vaga. “Se o paciente precisa de UTI neurológica não adianta encaminhá-lo para o Materno-Infantil”, cita.
 

Fernando Machado afirma que Goiânia tem 320 leitos de UTI, que seriam suficientes para atender a demanda da capital e região metropolitana, mas o atendimento é feito também a pacientes do interior de até de outros Estados. Ele afirma que somente ontem, a Central de Regulação realizou três buscas - na Santa Casa de Misericórdia, Hospital de Urgências de Goiânia (Hugo) e Hospital Geral de Goiânia (HGG), mas a vaga foi negada, ou por falta ou por não atender as necessidades do paciente.

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